segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Fé Bíblica



Para se iniciar esta parte, deve-se compreender o significado de fé. Dentro do conceito bíblico, fé é quando se espera sem ter um motivo concreto para se acreditar. Quando digo de algo concreto, descrevo como sendo uma situação a qual se possa tocar, ou até mesmo ver, porém fé não é uma destas situações, pois necessita acreditar mesmo sem a possibilidade de se ver. Como diz o escritor bíblico de Hebreus 11:1: Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem.”1
Quem pode provar, de forma lógica ser salvo? Existe uma possibilidade de ir à um júri provando a existência da salvação? Digo isto de forma palpável, material; de garantia espiritual. De fato este ato é impossível de ser feito.
Quando se fala em fé, pode-se lembrar de todos dizendo a respeito desta palavra, porém cada um com conceito diferente um do outro, porém algo em comum chama a atenção, pois todos querem estabilidade. Seja na área material ou emocional, o ser humano busca uma estabilidade. Várias religiões prometem tais coisas, porém a humanidade continua em um ciclo de busca contínua, pois o lado espiritual está vazio por completo sem Deus.
Por causa desta falta, muitos buscam em diversas religiões este preenchimento, contudo ainda assim não se encontra completamente. Ao perceber isso muitos desistem das religiões, porém outros tentam focar ainda mais, mesmo sem encontrar tal. Este ciclo vicioso perpetua constantemente no convívio humano desde a queda de Adão e Eva.
A realidade do cristianismo quanto a fé é diferente, deve-se “antes, crescei na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.”2 O crescimento só pode ser feito como foi escrito em Mateus: “Respondeu-lhes Jesus: Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus.3 Talvez lendo este versículo não pareça ter a ver com fé, porém este explica da proporcionalidade do conhecimento de Deus. Quanto maior o conhecimento das Escrituras Sagradas, maior é o conhecimento do próprio Deus. Ainda explicando melhor o que tem a ver com fé. Quanto mais se conhece em Deus, maior sua confiança Nele; isso resulta em maior fé na Soberania de Deus.
Hoekema define fé da seguinte forma:

...Fé é olhar para fora de si, baseando-se somente em Cristo para salvação. É a apropriação pessoal de Cristo e seus méritos. Significa descansar na obra consumada de Cristo e aceitar que o que ele fez como tendo sido feito por nós. Nas palavras do Catecismo de heidelberg, fé é ' a bem-fundada certeza, criada em mim pelo Espírito Santo por meio do evangelho, de que(...) não somente outros, mas eu mesmo tive meus pecados perdoados, fui feito justo para sempre diante de Deus, e tive garantia a minha salvação'.”4

Quanto maior a entrega, mais se confia em Deus. Quanto maior a confiança, proporcionalmente a fé é maior. Nesta qualidade, a confiança é a palavra-chave para fé, porém esta entrega só é feita a partir do conhecimento inicial de Deus. O Catecismo de Heidelerg, na trigésima segunda pergunta responde da seguinte forma:

Porque pela fé sou membro de Cristo e, por isso, também sou ungido (2) para ser profeta, sacerdote e rei. Como profeta confesso o nome dEle (3) ; Como sacerdote ofereço minha vida a Ele como sacrifício vivo de gratidão (4) ; e como rei combato (5) , nesta vida, o pecado e o diabo, de livre consciência, e depois, na vida eterna, vou reinar com Ele sobre todas as criaturas (6). ”.5

Além de confiar, deve-se ter a atitude adequada para tal tarefa. O maior ato de confiança se chama obediência. Esta é a grande atividade a ser empregada, onde todo cristão é incumbido de levar o Evangelho a todo ser vivo em todas as partes do mundo, para qualquer etnia, cultura e crença. A fé gera muito mais do que apenas crer, impulsionando-nos a agir em favor da causa de Cristo. 

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1Bíblia Sagrada. Tradução Almeida Revista e Atualizada. Hebreus 11:1.
2Idem. 2Pedro 3:18a.
3Idem. Mateus 22:29
4HOEKEMA, Anthony A. Salvos pela Graça: a doutrina bíblica da salvação. 3ª ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2011. pág. 146
5Monergismo. Catecismo de Heidelberg, Disponível em <http://www.monergismo.com/textos/catecismos/
catecismo_heidelberg.htm> acesso em 19/10/2016.

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Arrependimento na Bíblia


Quando se fala sobre arrependimento, logo se lembra de uma criança desobedecendo os pais. Esta criança pede desculpas, aparentemente arrependida, porém, geralmente, volta a cometer este mesmo erro. Por vezes os pais disciplinam os filhos sobre o mesmo assunto durante vários anos, pois a criança volta a cometer os mesmo erros. Aqui surge uma pergunta: o que é arrepender-se?
Olhando para a história bíblica, existem inúmeros exemplos de arrependimento, onde os personagens voltaram a causar o mesmo ato de antes. Isso não significa uma mudança imediata, mas sim um ato de entrega a Deus. A atitude, onde o próprio Espírito Santo toca o coração é o arrependimento. Neste ato Deus está revelando ao ser humano este estar fora dos propósitos divinos, necessitando mudar seu direcionamento para Deus. O ato em si é quando se recebe a Jesus Cristo como único e suficiente salvador. Neste momento há uma genuína mudança.
Quando ocorre esta transformação, não significa uma mudança de atitude, porém o reconhecimento da soberania de Deus, aonde o ser reconhece seu papel como adorador diante do Senhor de toda criação. Para compreendermos melhor, Hoekema explica melhor o significado do grego da palavra arrependimento.

As palavras para arrependimento no Antigo Testamento são nicham e shūbh. Nicham, a forma nifal de nācham, significa estar sentido, ser movido à piedade ou arrepender-se de erros. É frequentemente usada a respeito de Deus para falar de uma mudança ou possível mudança nos seus planos: Gênesis 6.6-7; Êxodo 32.12, 14; Deuteronômio 32.36; Juízes 2.18. Essa palavra é também usada para descrever a tristeza pelo pecado em seres humanos: Juízes 21.6, 15; Jó 42.6; Jeremias 8.6; 31.19. A passagem de Jó ilustra esse segundo uso: 'Por isso me abomino, e me arrependo no pé e na cinza'.'1

Com esta explicação fica um pouco mais claro para entender melhor sobre esta palavra, contudo ainda o autor deste prossegue detalhando um pouco melhor:
Muito mais comum, porém, no Antigo Testamento, é a palavra shūbh. Essa palavra significa voltar atrás, ir na direção oposta. Isso realça o fato de que arrependimento significa uma mudança de direção, do caminho errado para o caminho certo. Significa abandonar o pecado (1Rs 8.350, a iniquidade (Jó 36.10), a maldade e os maus caminhos (Ne9.35). Positivamente, shūbh significa voltar-se para Deus: Salmo 51.13; Isaías 10.21; Jeremias 4.1; Oseias 14.1; Amós 4.8; Malaquias 3.7. A segunda parte deste último verso diz: 'Tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós outros, diz o senhor dos Exércitos'.”2

Nesta explicação, o entendimento do significado de arrependimento fica totalmente claro, podendo ser compreendido corretamente este conteúdo.
Para ficar ainda mais claro: Imagine o percurso de uma rodovia, onde se vai de uma cidade a outra. Um percurso longo, onde se tem um destino para ser trilhado, contudo a pessoa caminha nesta direção com um propósito pessoal, para atingir um determinado objetivo. Quando o Espírito de Deus convence, este caminho passa a não fazer sentido mais, pois este direcionamento convém apenas para um desejo pessoal. O plano de Deus passa a abrir os horizontes, mostrando um novo caminho a ser seguido. Este novo percurso é certamente adorar a Deus. Porém Deus convida o novo convertido a estar incluído nesta missão, de levar a Palavra de Deus para quem ainda nunca ouviu falar da Verdade.
Ao haver o arrependimento, ocorre uma grande mudança. Geralmente quando as pessoas oram, pedem de acordo com suas idealizações pessoais, contudo quando o arrependido ora muda seu teor; pedindo porém após orar declarando a soberania de Deus dizendo: “seja feita a Tua vontade”. Esta diferença coloca o controle aonde deve estar; nas mãos divinas.
Como foi visto nesta parte do trabalho, o arrependimento gera uma mudança de mentalidade e não necessariamente de imediata atitude. Com o passar do tempo haverão mudanças em atitudes, porém o arrependimento mostra o quão pequeno é o ser humano e o quanto Deus está no controle de todas as coisas. Arrepender-se é justamente declarar de corpo, alma e espírito a soberania de Deus, colocando-se a disposição em realizar a vontade divina ao invés do próprio caminho.


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1HOEKEMA, Anthony A. Salvos pela Graça: a doutrina bíblica da salvação. 3ª ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2011. pág 127.
2HOEKEMA, Anthony A. Salvos pela Graça: a doutrina bíblica da salvação. 3ª ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2011. pág 128.

sábado, 19 de novembro de 2016

Regeneração Bíblica




Quando se fala sobre regeneração, muitos pensam em como uma célula pode recuperar, ou como uma ferida pode fechar ao ponto do machucado não mais incomodar. Esta alusão pode ser muito utilizada quando é falado sobre regeneração. A partir do pecado original em Gênesis 3 o ser humano passa a sofrer uma mudança, o pecado passa a fazer parte da vida humana. Este fator fez com que o homem ficasse separado de Deus. Em outras palavras, o pecado passa a ser feridas ou até mesmo o câncer necessitando ser curado.
A partir deste evento o homem de sadio passou a ser doente tanto no campo emocional, quanto psíquico, físico e espiritual. A necessidade da regeneração passa a ser algo natural, contudo a característica teimosa do homem não permite o tratamento. Devido ao orgulho, pessoas não buscam a Deus e nem procuram-no verdadeiramente.
Além destes fatores, o ser humano, mesmo sem admitir; sabe estar agindo de forma incorreta. No fundo há um sentimento mostrando um caminho errado, porém o pecado em si é bom aos olhos humanos. Sabendo da falta de algo, os homens buscam preencher de inúmeras formas, porém jamais buscando verdadeiramente a Deus.
A regeneração é a parte faltante deste, pois devido a natureza pecaminosa e caída, a humanidade tem uma carência espiritual bem grande, sempre tendo a necessidade de preenchê-la. Neste preenchimento espiritual, a única forma compatível é o preenchimento de religamento com Deus, porém devido a falta de submissão humana, a humanidade busca preencher de diversas formas, seja através de outras pessoas, seja pelo intelecto ou até mesmo no esvaziamento de si, porém a necessidade é real a ponto do ser humano tentar minimizar este problema com atitudes as quais faça haver o esquecimento deste.
O fato é todos terem pecado e necessitarem de Deus. Sobre isso, Hoekema explica um pouco para ajudar neste estudo.

Tem-se dito frequentemente que a doutrina que alguém professa é determinada pela sua doutrina da salvação. Isso é ainda mais verdadeiro em relação à regeneração. Nosso entendimento de regeneração depende da nossa concepção de depravação humana. Se os seres humanos hoje não forem depravados, a regeneração ou nova vida espiritual não será realmente necessária. Se a depravação humana for considerada apenas parcialmente – isto é, se o homem caído for visto ainda tendo a capacidade de voltar-se para Deus em fé à parte da obra especial do Espírito Santo – a regeneração será entendida de uma maneira totalmente diferente do que se o homem 'natural' (ou não regenerado) for visto como totalmente depravado. Se, no entanto, os seres humanos foram vistos como totalmente, ou difusamente, depravados – isto é, totalmente incapazes de voltar-se para Deus em fé à parte da obra especial do Espírito Santo, o entendimento da natureza da regeneração será diferente.”1

A compreensão deste aspecto depende muito da cosmovisão de cada indivíduo para uma compreensão correta. Para o budismo, nós também somos imperfeitos, pois não nos tornamos “iluminados” como Buda. Dentro do entendimento deles, a regeneração é dada com o esvaziamento de si mesmo.
Neste exemplo sobre Buda, é complicado, porém necessário entender os motivos dados desta visão particular. Segundo o budismo, Buda abandonou sua família, seu povo (já que era príncipe de um reino) para viver sozinho e alcançar um estado de ausência de tudo. Neste estado, segundo eles, foi onde houve uma regeneração dele ao ponto de poder se tornar uma espécie de deus aos olhos do budismo.
Diferentemente do cristianismo, o budismo acredita na vontade humana como potencial para se atingir um estado de perfeição, o qual eles chamam de deus. No cristianismo há uma dependência de Deus para se chegar a este estágio, onde se assemelhar com Cristo é o alvo. Dentro do processo de regeneração, por um lado é um ato imediado onde o Espírito Santo trata no mesmo instante, porém há uma sequência de tratamento de Deus durante a caminhada cristã.
Segundo o budismo apenas uma pessoa pode decidir pela mudança, para o cristianismo somente Deus pode causar esta mudança.

Já no Antigo Testamento somos ensinados que só Deus pode fazer a mudança radical que é necessária para capacitar os seres humanos caídos a fazer o que é agradável aos seus olhos. Em Deuteronômio 30.6 encontramos nossa renovação espiritual figurativamente descrita como a circuncisão do coração: 'O Senhor, teu Deus, Senhor, teu Deus, de todo o coração e de toda a tua alma, para que vivas'. O coração é o cerne íntimo da pessoa, e a Bíblia nos ensina que Deus nos limpa interiormente antes que o possamos amar verdadeiramente. O que chamamos de regeneração é exposto por Jeremias nestas palavras: 'Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu deus, e eles serão meu povo' (31.33). Ezequiel usa uma figura para ilustrar regeneração que, embora reflita o modo de pensar do Antigo Testamento, é usada ainda hoje: 'Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne' (36.26; cf 11.19). Aqui, Deus, por meio de Ezequiel, promete aos exilados na Babilônia que no futuro os renovará a partir do interior.”2

Aqui demonstra claramente que Deus é quem regenera, não podendo ser feito através de atitudes humanas. Este fato é uma diferença bem considerável a qualquer religião no mundo, pois todas dependem da atitude humana e não da ação de Deus; deixando apenas o cristianismo onde é Deus quem tem a atitude em fazer.
Esta regeneração ocorre quando há a transformação de vida, em outras palavras, quando Cristo liga aquela pessoa com Deus. Quem fez esta ponte de amor foi Deus, quando enviou Seu único Filho ao mundo para redimir a muitos com Deus. Este elo faz a grande diferença, a qual é a causadora da regeneração destes indivíduos religados a Deus.

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1HOEKEMA, Anthony A. Salvos pela Graça: a doutrina bíblica da salvação. 3ª ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2011. pág 100.
2HOEKEMA, Anthony A. Salvos pela Graça: a doutrina bíblica da salvação. 3ª ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2011. pág. 101.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

A Vocação Missionária.



Para começar será explicado a diferença entre chamado geral e chamado específico na qualidade de missões. Todo cristão é chamado para ser um missionário, representando o Reino de Deus aqui na Terra. Esta tarefa é feita pelo chamado de Deus a todos os cristãos, com o objetivo de levar o Evangelho a todos quanto possível. O chamado missionário geral é quando o cristão se torna um cristão, ou seja, recebe Cristo como único e suficiente Salvador. A partir deste momento, o cristão passa a ser um cooperador de Cristo; em outras palavras um missionário na grande Missão de Deus, de vidas se prostrando para O adorar. Quando isso acontece, o cristão tem um chamado geral. O chamado missionário específico é quando o cristão é chamado por Deus para uma região específica do planeta. Pode ser no mesmo país ou até em outro, porém Deus o está direcionando para uma localidade diferente da habitual dele, com o objetivo claro de agir em um ambiente e/ou cultura diferente.
Dado a diferenciação acima, a motivação do cristão com chamado específico deve ser de agir de acordo com a vontade soberana de Deus. O principal não é levar almas a Cristo, mas sim obedecer a Deus. Como Hawthorne diz:

A evangelização mundial é para Deus. É comum trabalharmos com base na preocupação pela situação dos povos – ou para vê-los salvos do inferno, ou para vê-los partilhar de integridade comunitária, ou ambos. Tal compaixão é bíblica e necessária. Contudo, nosso amor pelo ser humano se equilibra e fortalece quando nossa impetuosa paixão é ver Deus honrado pela bondade estendida em seu nome e ver Deus receber ações de graças de povos transformados pelo poder do evangelho.”1

Outra motivação para a atuação missionária é descrita por John Piper:

... a adoração é também o combustível das missões. A paixão por Deus na adoração precede a apresentação de Deus por meio da pregação. Você não pode recomendar o que não aprecia. Os missionários jamais exclamarão: 'Alegrem-se os povos', se não puderem dizer de coração, 'Eu me alegrarei no Senhor […] Alegrar-me-ei e exultarei em ti; ao teu nome, ó Altíssimo, eu cantarei louvores' (Sl 104:34;9-2). As missões começam e terminam com adoração.”2

Em outro livro o mesmo autor descreve:

Além do mais, em nossa preocupação evangelística, nossa obrigação principal deveria ser para com aqueles que Peter Wagner, do Fuller Escola de Missão Mundial e Institude de Crescimento da Igreja, chama de 'o quarto mundo', ou seja, os mais de 2,7 milhões de povos não-alcançados do mundo. Em relação a eles, o Pacto de Lausanne diz: 'Nos envergonhamos por tantos terem sido negligenciados; é uma reprovação constante a nós e a toda a igreja'.”3

De fato é uma alegria a qual deveria sempre fazer parte, contudo alguns momentos, por ter as dificuldades, pode acontecer de ter desânimos, angústias e frustrações. Um exemplo é chegar no campo missionário, passar algum tempo e não houver nenhuma conversão. Pode causar vários sentimentos, inclusive frustração e o pensamento se está realmente fazendo a vontade de Deus. Tais questionamentos podem ocorrer devido a vários fatores, como a mudança para uma cultura diferente (em muitas situações completamente diferente), estar longe de amigos e familiares, falta de incentivo das Igrejas em sustentar, entre vários outros motivos que podem ocorrer. Toda esta conjuntura pode causar frustrações ao missionário, além da possibilidade de demorar em dar frutos no campo.
Outro aspecto corrente é a busca de resultados através de metas. As Igrejas brasileiras em sua maioria tem visado a busca de metas, onde o pastor e missionário são medidos através do resultado que é apresentado. Um grande erro, pois nem sempre um resultado rápido demonstra qualidade. Para se ter um crescimento grande da Igreja, em muitas situações ocorrer implementos de culturas não cristãs, a ponto de atrair novas vidas a Igreja. Na maioria das vezes não é utilizando a cultura como ferramente na evangelização, mas sim usando uma aculturação para crescer.
A aculturação não é saudável, pois acaba passando a ser parte da Igreja, como se fosse algo bíblico. Este fenômeno acaba se misturando no cristianismo como se fosse a verdade. Nestas situações (mais comuns atualmente) não deveriam ser aceitas pela Igreja, porém são altamente propagadas.
Utilizar a cultura como ferramente para apresentar a Graça salvadora de Deus é importante, pois esta pode ajudar na evangelização. O mesmo foi feito por Paulo em Atos: “porque, passando e observando os objetos do vosso culto, encontrei também um altar no qual está escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Pois esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio.”4 Paulo observou por três semanas aquela cidade antes de usar um elemento local como meio de evangelismo.
Nesta situação como exemplo o Apóstolo Paulo não misturou o cristianismo com outras religiões, apenas utilizou de uma forma para aquelas pessoas pudessem ouvir sobre o Plano da Salvação. A ideia do Apóstolo era falar de uma forma onde quem escutasse conseguisse compreender de forma clara a Mensagem de Salvação.
Apesar de terem muitas dificuldades, a Missão de Deus deve continuar, pois é a vontade soberana para todo aquele que crê em Deus. Não necessitam de motivos, basta ser justamente porque é a vontade Dele para nossas vidas. Pelo amor que Deus concede; este deve ser o motivo de obedecê-Lo sem questionamentos. No próxima parte deste estudo trataremos um pouco mais de alguns cuidados a serem tomados nos campos do Senhor.
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1STOTT, John R. W. at all. PERSPECTIVAS: no Movimento Cristão Mundial. 1ª ed revisada. São Paulo: Vida, 2015. pág. 55.
2STOTT, John R. W. at all. PERSPECTIVAS: no Movimento Cristão Mundial. 1ª ed revisada. São Paulo: Vida, 2015. pág. 57.
3STOTT, John. A Missão Cristã no Mundo Moderno. 1ª ed. Viçosa: Ultimato, 2010. pág. 44.
4Bíblia Sagrada. Atos 17: 23. Tradução Almeida Revista e Atualizada.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

O Desafio de Evangelizar os Povos


Todos falam dos desafios culturais em se pregar o Evangelho a todos os povos e etnias, porém a maior barreira não tem vindo destas diferenças, mas sim de seus missionários.
Antigamente os missionários iam a outros povos com certas “exigências”, como a mudança radical da cultura daquele povo. Um grande erro, pois toda cultura tem pontos coerentes com a Bíblia, porém existem outros necessitando de mudanças. Na cultura brasileira falar algumas “mentirinhas” é algo comum e sem nenhum problema. Por mais que seja a cultura do país, isso biblicamente é errado. Mesmo entre os cristãos, essa tradição cultural é visivelmente encontrada em vários momentos.
Quando o missionário vai do Brasil para uma cultura que tem o conceito de que pequenas mentiras são erradas, acaba se chocando e pensando como uma cultura sem educação por dizer a verdade. Um brasileiro, a um tempo atrás, paquerou uma chinesa. Esta era minha professora de mandarim. Quando este fez isso, ela deu uma resposta que o magoou, porém ela foi honesta com ele. Ela disse que ele era muito velho para ela. Ela só disse a opinião dela para ele. Contudo, ele ficou ressentido com isso, justamente por falar a verdade. Na cultura chinesa isso é natural ser feito. Para eles falar a verdade mesmo o outro não gostando é o caminho certo. Neste aspecto eles estão corretos, sem precisar de ensinamentos bíblicos, pois a Bíblia já instrui a sempre falarmos a verdade.
Ao invés de aceitar isso, muitos missionários vão com o objetivo de mudar aquela determinada cultura, colocando a sua como se fosse a verdade absoluta, o que é um grande erro. No lugar de se fazer isso, o cristão deveria analisar, compreender e avaliar antes de agir. Existem pontos positivos e negativos em todas as culturas.
A maior barreira atualmente para o evangelismo tem sido a mentalidade de muitos cristãos com relação a missões, incluindo os próprios missionários que vão para os campos do Senhor. As Igrejas tem tido uma visão empresarial, como se precisasse expandir. Os missionários vão com o ideal de ter a absoluta verdade sobre tudo. Quando o missionário não dá resultados dentro do cronograma previsto pela Igreja, a Igreja pede a volta do missionário ou apenas para de contribuir com o trabalho.
Falta conscientizar tanto as Igrejas quanto os missionários, preparando-os melhor para os campos do Deus todo poderoso. Falta o amadurecimento cristão para se levar o Evangelho a todas as etnias do mundo. Falta investimento financeiro e material das Igrejas, pois esta é uma orde de Deus e por amarmos a Ele devemos cumprir. Infelizmente tem faltado tudo!!!