Para começar será explicado a diferença entre chamado geral e
chamado específico na qualidade de missões. Todo cristão é
chamado para ser um missionário, representando o Reino de Deus aqui
na Terra. Esta tarefa é feita pelo chamado de Deus a todos os
cristãos, com o objetivo de levar o Evangelho a todos quanto
possível. O chamado missionário geral é quando o cristão se torna
um cristão, ou seja, recebe Cristo como único e suficiente
Salvador. A partir deste momento, o cristão passa a ser um
cooperador de Cristo; em outras palavras um missionário na grande
Missão de Deus, de vidas se prostrando para O adorar. Quando isso
acontece, o cristão tem um chamado geral. O chamado missionário
específico é quando o cristão é chamado por Deus para uma região
específica do planeta. Pode ser no mesmo país ou até em outro,
porém Deus o está direcionando para uma localidade diferente da
habitual dele, com o objetivo claro de agir em um ambiente e/ou
cultura diferente.
Dado a diferenciação acima, a motivação do cristão com chamado
específico deve ser de agir de acordo com a vontade soberana de
Deus. O principal não é levar almas a Cristo, mas sim obedecer a
Deus. Como Hawthorne diz:
“A evangelização mundial é
para Deus. É comum trabalharmos com base na preocupação pela
situação dos povos – ou para vê-los salvos do inferno, ou para
vê-los partilhar de integridade comunitária, ou ambos. Tal
compaixão é bíblica e necessária. Contudo, nosso amor pelo ser
humano se equilibra e fortalece quando nossa impetuosa paixão é ver
Deus honrado pela bondade estendida em seu nome e ver Deus receber
ações de graças de povos transformados pelo poder do evangelho.”1
Outra motivação para a atuação missionária é descrita por John
Piper:
“... a adoração é também
o combustível das missões. A paixão por Deus na adoração precede
a apresentação de Deus por meio da pregação. Você não pode
recomendar o que não aprecia. Os missionários jamais exclamarão:
'Alegrem-se os povos', se não puderem dizer de coração, 'Eu me
alegrarei no Senhor […] Alegrar-me-ei e exultarei em ti; ao teu
nome, ó Altíssimo, eu cantarei louvores' (Sl 104:34;9-2). As
missões começam e terminam com adoração.”2
Em outro livro o mesmo autor descreve:
“Além do mais, em nossa
preocupação evangelística, nossa obrigação principal deveria ser
para com aqueles que Peter Wagner, do Fuller Escola de Missão
Mundial e Institude de Crescimento da Igreja, chama de 'o quarto
mundo', ou seja, os mais de 2,7 milhões de povos não-alcançados do
mundo. Em relação a eles, o Pacto de Lausanne diz: 'Nos
envergonhamos por tantos terem sido negligenciados; é uma reprovação
constante a nós e a toda a igreja'.”3
De fato é uma alegria a qual deveria sempre fazer parte, contudo
alguns momentos, por ter as dificuldades, pode acontecer de ter
desânimos, angústias e frustrações. Um exemplo é chegar no campo
missionário, passar algum tempo e não houver nenhuma conversão.
Pode causar vários sentimentos, inclusive frustração e o
pensamento se está realmente fazendo a vontade de Deus. Tais
questionamentos podem ocorrer devido a vários fatores, como a
mudança para uma cultura diferente (em muitas situações
completamente diferente), estar longe de amigos e familiares, falta
de incentivo das Igrejas em sustentar, entre vários outros motivos
que podem ocorrer. Toda esta conjuntura pode causar frustrações ao
missionário, além da possibilidade de demorar em dar frutos no
campo.
Outro aspecto corrente é a busca de resultados através de metas. As
Igrejas brasileiras em sua maioria tem visado a busca de metas, onde
o pastor e missionário são medidos através do resultado que é
apresentado. Um grande erro, pois nem sempre um resultado rápido
demonstra qualidade. Para se ter um crescimento grande da Igreja, em
muitas situações ocorrer implementos de culturas não cristãs, a
ponto de atrair novas vidas a Igreja. Na maioria das vezes não é
utilizando a cultura como ferramente na evangelização, mas sim
usando uma aculturação para crescer.
A aculturação não é saudável, pois acaba passando a ser parte da
Igreja, como se fosse algo bíblico. Este fenômeno acaba se
misturando no cristianismo como se fosse a verdade. Nestas situações
(mais comuns atualmente) não deveriam ser aceitas pela Igreja, porém
são altamente propagadas.
Utilizar a cultura como ferramente para apresentar a Graça salvadora
de Deus é importante, pois esta pode ajudar na evangelização. O
mesmo foi feito por Paulo em Atos: “porque, passando e
observando os objetos do vosso culto, encontrei também um altar no
qual está escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Pois esse que adorais sem
conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio.”4
Paulo observou por três semanas
aquela cidade antes de usar um elemento local como meio de
evangelismo.
Nesta situação como exemplo o
Apóstolo Paulo não misturou o cristianismo com outras religiões,
apenas utilizou de uma forma para aquelas pessoas pudessem ouvir
sobre o Plano da Salvação. A
ideia do Apóstolo era falar de uma forma onde quem escutasse
conseguisse compreender de forma clara a Mensagem de Salvação.
Apesar de terem muitas dificuldades, a Missão de Deus deve
continuar, pois é a vontade soberana para todo aquele que crê em
Deus. Não necessitam de motivos, basta ser justamente porque é a
vontade Dele para nossas vidas. Pelo amor que Deus concede; este deve
ser o motivo de obedecê-Lo sem questionamentos. No próxima parte
deste estudo trataremos um pouco mais de alguns cuidados a serem
tomados nos campos do Senhor.
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1STOTT,
John R. W. at all. PERSPECTIVAS: no Movimento Cristão Mundial. 1ª
ed revisada. São Paulo: Vida, 2015. pág. 55.
2STOTT,
John R. W. at all. PERSPECTIVAS: no Movimento Cristão Mundial. 1ª
ed revisada. São Paulo: Vida, 2015. pág. 57.
3STOTT,
John. A Missão Cristã no Mundo Moderno.
1ª ed. Viçosa: Ultimato, 2010. pág. 44.
4Bíblia
Sagrada. Atos 17: 23. Tradução Almeida Revista e Atualizada.
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