terça-feira, 15 de novembro de 2016

A Vocação Missionária.



Para começar será explicado a diferença entre chamado geral e chamado específico na qualidade de missões. Todo cristão é chamado para ser um missionário, representando o Reino de Deus aqui na Terra. Esta tarefa é feita pelo chamado de Deus a todos os cristãos, com o objetivo de levar o Evangelho a todos quanto possível. O chamado missionário geral é quando o cristão se torna um cristão, ou seja, recebe Cristo como único e suficiente Salvador. A partir deste momento, o cristão passa a ser um cooperador de Cristo; em outras palavras um missionário na grande Missão de Deus, de vidas se prostrando para O adorar. Quando isso acontece, o cristão tem um chamado geral. O chamado missionário específico é quando o cristão é chamado por Deus para uma região específica do planeta. Pode ser no mesmo país ou até em outro, porém Deus o está direcionando para uma localidade diferente da habitual dele, com o objetivo claro de agir em um ambiente e/ou cultura diferente.
Dado a diferenciação acima, a motivação do cristão com chamado específico deve ser de agir de acordo com a vontade soberana de Deus. O principal não é levar almas a Cristo, mas sim obedecer a Deus. Como Hawthorne diz:

A evangelização mundial é para Deus. É comum trabalharmos com base na preocupação pela situação dos povos – ou para vê-los salvos do inferno, ou para vê-los partilhar de integridade comunitária, ou ambos. Tal compaixão é bíblica e necessária. Contudo, nosso amor pelo ser humano se equilibra e fortalece quando nossa impetuosa paixão é ver Deus honrado pela bondade estendida em seu nome e ver Deus receber ações de graças de povos transformados pelo poder do evangelho.”1

Outra motivação para a atuação missionária é descrita por John Piper:

... a adoração é também o combustível das missões. A paixão por Deus na adoração precede a apresentação de Deus por meio da pregação. Você não pode recomendar o que não aprecia. Os missionários jamais exclamarão: 'Alegrem-se os povos', se não puderem dizer de coração, 'Eu me alegrarei no Senhor […] Alegrar-me-ei e exultarei em ti; ao teu nome, ó Altíssimo, eu cantarei louvores' (Sl 104:34;9-2). As missões começam e terminam com adoração.”2

Em outro livro o mesmo autor descreve:

Além do mais, em nossa preocupação evangelística, nossa obrigação principal deveria ser para com aqueles que Peter Wagner, do Fuller Escola de Missão Mundial e Institude de Crescimento da Igreja, chama de 'o quarto mundo', ou seja, os mais de 2,7 milhões de povos não-alcançados do mundo. Em relação a eles, o Pacto de Lausanne diz: 'Nos envergonhamos por tantos terem sido negligenciados; é uma reprovação constante a nós e a toda a igreja'.”3

De fato é uma alegria a qual deveria sempre fazer parte, contudo alguns momentos, por ter as dificuldades, pode acontecer de ter desânimos, angústias e frustrações. Um exemplo é chegar no campo missionário, passar algum tempo e não houver nenhuma conversão. Pode causar vários sentimentos, inclusive frustração e o pensamento se está realmente fazendo a vontade de Deus. Tais questionamentos podem ocorrer devido a vários fatores, como a mudança para uma cultura diferente (em muitas situações completamente diferente), estar longe de amigos e familiares, falta de incentivo das Igrejas em sustentar, entre vários outros motivos que podem ocorrer. Toda esta conjuntura pode causar frustrações ao missionário, além da possibilidade de demorar em dar frutos no campo.
Outro aspecto corrente é a busca de resultados através de metas. As Igrejas brasileiras em sua maioria tem visado a busca de metas, onde o pastor e missionário são medidos através do resultado que é apresentado. Um grande erro, pois nem sempre um resultado rápido demonstra qualidade. Para se ter um crescimento grande da Igreja, em muitas situações ocorrer implementos de culturas não cristãs, a ponto de atrair novas vidas a Igreja. Na maioria das vezes não é utilizando a cultura como ferramente na evangelização, mas sim usando uma aculturação para crescer.
A aculturação não é saudável, pois acaba passando a ser parte da Igreja, como se fosse algo bíblico. Este fenômeno acaba se misturando no cristianismo como se fosse a verdade. Nestas situações (mais comuns atualmente) não deveriam ser aceitas pela Igreja, porém são altamente propagadas.
Utilizar a cultura como ferramente para apresentar a Graça salvadora de Deus é importante, pois esta pode ajudar na evangelização. O mesmo foi feito por Paulo em Atos: “porque, passando e observando os objetos do vosso culto, encontrei também um altar no qual está escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Pois esse que adorais sem conhecer é precisamente aquele que eu vos anuncio.”4 Paulo observou por três semanas aquela cidade antes de usar um elemento local como meio de evangelismo.
Nesta situação como exemplo o Apóstolo Paulo não misturou o cristianismo com outras religiões, apenas utilizou de uma forma para aquelas pessoas pudessem ouvir sobre o Plano da Salvação. A ideia do Apóstolo era falar de uma forma onde quem escutasse conseguisse compreender de forma clara a Mensagem de Salvação.
Apesar de terem muitas dificuldades, a Missão de Deus deve continuar, pois é a vontade soberana para todo aquele que crê em Deus. Não necessitam de motivos, basta ser justamente porque é a vontade Dele para nossas vidas. Pelo amor que Deus concede; este deve ser o motivo de obedecê-Lo sem questionamentos. No próxima parte deste estudo trataremos um pouco mais de alguns cuidados a serem tomados nos campos do Senhor.
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1STOTT, John R. W. at all. PERSPECTIVAS: no Movimento Cristão Mundial. 1ª ed revisada. São Paulo: Vida, 2015. pág. 55.
2STOTT, John R. W. at all. PERSPECTIVAS: no Movimento Cristão Mundial. 1ª ed revisada. São Paulo: Vida, 2015. pág. 57.
3STOTT, John. A Missão Cristã no Mundo Moderno. 1ª ed. Viçosa: Ultimato, 2010. pág. 44.
4Bíblia Sagrada. Atos 17: 23. Tradução Almeida Revista e Atualizada.

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