Quando se fala sobre regeneração, muitos pensam em como uma célula
pode recuperar, ou como uma ferida pode fechar ao ponto do machucado
não mais incomodar. Esta alusão pode ser muito utilizada quando é
falado sobre regeneração. A partir do pecado original em Gênesis 3
o ser humano passa a sofrer uma mudança, o pecado passa a fazer
parte da vida humana. Este fator fez com que o homem ficasse separado
de Deus. Em outras palavras, o pecado passa a ser feridas ou até
mesmo o câncer necessitando ser curado.
A partir deste evento o homem de sadio passou a ser doente tanto no
campo emocional, quanto psíquico, físico e espiritual. A
necessidade da regeneração passa a ser algo natural, contudo a
característica teimosa do homem não permite o tratamento. Devido ao
orgulho, pessoas não buscam a Deus e nem procuram-no
verdadeiramente.
Além destes fatores, o ser humano, mesmo sem admitir; sabe estar
agindo de forma incorreta. No fundo há um sentimento mostrando um
caminho errado, porém o pecado em si é bom aos olhos humanos.
Sabendo da falta de algo, os homens buscam preencher de inúmeras
formas, porém jamais buscando verdadeiramente a Deus.
A regeneração é a parte faltante deste, pois devido a natureza
pecaminosa e caída, a humanidade tem uma carência espiritual bem
grande, sempre tendo a necessidade de preenchê-la. Neste
preenchimento espiritual, a única forma compatível é o
preenchimento de religamento com Deus, porém devido a falta de
submissão humana, a humanidade busca preencher de diversas formas,
seja através de outras pessoas, seja pelo intelecto ou até mesmo no
esvaziamento de si, porém a necessidade é real a ponto do ser
humano tentar minimizar este problema com atitudes as quais faça
haver o esquecimento deste.
O fato é todos terem pecado e necessitarem de Deus. Sobre isso,
Hoekema explica um pouco para ajudar neste estudo.
“Tem-se dito frequentemente
que a doutrina que alguém professa é determinada pela sua doutrina
da salvação. Isso é ainda mais verdadeiro em relação à
regeneração. Nosso entendimento de regeneração depende da nossa
concepção de depravação humana. Se os seres humanos hoje não
forem depravados, a regeneração ou nova vida espiritual não será
realmente necessária. Se a depravação humana for considerada
apenas parcialmente – isto é, se o homem caído for visto ainda
tendo a capacidade de voltar-se para Deus em fé à parte da obra
especial do Espírito Santo – a regeneração será entendida de
uma maneira totalmente diferente do que se o homem 'natural' (ou não
regenerado) for visto como totalmente depravado. Se, no entanto, os
seres humanos foram vistos como totalmente, ou difusamente,
depravados – isto é, totalmente incapazes de voltar-se para Deus
em fé à parte da obra especial do Espírito Santo, o entendimento
da natureza da regeneração será diferente.”1
A compreensão deste aspecto depende muito da cosmovisão de cada
indivíduo para uma compreensão correta. Para o budismo, nós também
somos imperfeitos, pois não nos tornamos “iluminados” como Buda.
Dentro do entendimento deles, a regeneração é dada com o
esvaziamento de si mesmo.
Neste exemplo sobre Buda, é complicado, porém necessário entender
os motivos dados desta visão particular. Segundo o budismo, Buda
abandonou sua família, seu povo (já que era príncipe de um reino)
para viver sozinho e alcançar um estado de ausência de tudo. Neste
estado, segundo eles, foi onde houve uma regeneração dele ao ponto
de poder se tornar uma espécie de deus aos olhos do budismo.
Diferentemente do cristianismo, o budismo acredita na vontade humana
como potencial para se atingir um estado de perfeição, o qual eles
chamam de deus. No cristianismo há uma dependência de Deus para se
chegar a este estágio, onde se assemelhar com Cristo é o alvo.
Dentro do processo de regeneração, por um lado é um ato imediado
onde o Espírito Santo trata no mesmo instante, porém há uma
sequência de tratamento de Deus durante a caminhada cristã.
Segundo o budismo apenas uma pessoa pode decidir pela mudança, para
o cristianismo somente Deus pode causar esta mudança.
“Já no Antigo Testamento
somos ensinados que só Deus pode fazer a mudança radical que é
necessária para capacitar os seres humanos caídos a fazer o que é
agradável aos seus olhos. Em Deuteronômio 30.6 encontramos nossa
renovação espiritual figurativamente descrita como a circuncisão
do coração: 'O Senhor, teu Deus, Senhor, teu Deus, de todo o
coração e de toda a tua alma, para que vivas'. O coração é o
cerne íntimo da pessoa, e a Bíblia nos ensina que Deus nos limpa
interiormente antes que o possamos amar verdadeiramente. O que
chamamos de regeneração é exposto por Jeremias nestas palavras:
'Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas
inscreverei; eu serei o seu deus, e eles serão meu povo' (31.33).
Ezequiel usa uma figura para ilustrar regeneração que, embora
reflita o modo de pensar do Antigo Testamento, é usada ainda hoje:
'Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo;
tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne'
(36.26; cf 11.19). Aqui, Deus, por meio de Ezequiel, promete aos
exilados na Babilônia que no futuro os renovará a partir do
interior.”2
Aqui demonstra claramente que Deus é quem regenera, não podendo ser
feito através de atitudes humanas. Este fato é uma diferença bem
considerável a qualquer religião no mundo, pois todas dependem da
atitude humana e não da ação de Deus; deixando apenas o
cristianismo onde é Deus quem tem a atitude em fazer.
Esta regeneração ocorre quando há a transformação de vida, em
outras palavras, quando Cristo liga aquela pessoa com Deus. Quem fez
esta ponte de amor foi Deus, quando enviou Seu único Filho ao mundo
para redimir a muitos com Deus. Este elo faz a grande diferença, a
qual é a causadora da regeneração destes indivíduos religados a
Deus.
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1HOEKEMA,
Anthony A. Salvos pela Graça: a doutrina bíblica da salvação.
3ª ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2011. pág
100.
2HOEKEMA,
Anthony A. Salvos pela Graça: a doutrina bíblica da salvação.
3ª ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2011. pág.
101.
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